quinta-feira, 23 de julho de 2009

Querido Eulálio,
Recebi a mais de um mês a sua carta. Como estás?! Tento-me desprender da dependência que era ter você todos os dias.
Sinto falta de sua voz e de sua alma.
Desculpe-me por não comparecer ao hospital, é que não era do meu conhecimento, portanto, a solidão que descreveu foi em parte culpa sua. Por que não mandou Balbino vir me chamar? Foi você que me trancou nessa casa em Petrópolis. Disseste a mim que mais tarde voltarias para me buscar. Porém, só o que tive foi uma senhora e seu marido, o médico, com notícias que Maria Eulália havia falecido e você enlouquecido. Desolada, cabei por ficar nessa casa fria e sem nenhum maxixe para passar o tempo.
Tinha certeza que voltaria por isso não saia de casa para nada. Temia que no momento em que eu fosse ao mercado você pudesse voltar, e por não me encontrar ia pensar que fugi com outro (sabe como é essa sua cabeça) e aí sim, não nos veríamos nunca mais.
Ai esse seu jeito possessivo... Sua loucura me matou aos poucos e mesmo assim só tinha olhos para você, pena que nunca acreditou em mim. Acabei por viver seu jogo, esse amor me adoeceu e doente agora estou. Agora sou.

Um beijo de sua eterna Matilde.

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